Você conhece o precursor do realismo fantástico no Brasil?

O escritor inaugurou no Brasil o realismo fantástico e ousou criar cenas mágicas ou extraordinárias em seus contos. Jornalista, nascido em 1º de junho de 1916, em Carmo de Minas, publicou seu primeiro livro em 1947, mas não obteve sucesso de pronto, pois as narrativas causaram estranheza. Ele mesmo não esperava outra coisa.

Em 1953, lançou o livro de contos “A estrela vermelha” e em 1965, “Os dragões e outros contos”. A consolidação do estilo já causava admiração nos leitores, e assim, mergulhado na literatura, em 1966 foi organizar o Suplemento Literário de Minas Gerais, publicado pela Imprensa Oficial. Rubião ocupou vários cargos no governo estadual de Juscelino Kubitscheck, foi adido da embaixada do Brasil na Espanha, onde chefiou o Escritório de Propaganda e Expansão Comercial do nosso país.

O seu maior sucesso veio com a publicação de “Pirotécnico Zacarias”, em 1974, com a venda de dezenas de milhares de cópias, livro com o qual se tornou conhecido no Brasil e que ultrapassou as fronteiras do país. A obra foi traduzida e publicada nos Estados Unidos e na Alemanha e por aqui virou filme. Também foi filmado, em curta metragem, o conto “A armadilha”.

No mesmo ano lançou também “O convidado”.  Quatro anos depois veio a publicação de “A casa do girassol vermelho”. Seus livros foram colocados em programas de seleção de professores de português na França, país que recentemente traduziu e lançou o livro de estreia do escritor.

O “Homem do boné cinzento e outras histórias” foi a última publicação de Murilo Rubião, em 1990. Um ano depois, em 16 de setembro, morria o criador do realismo fantástico no Brasil, e começava a avalanche de estudos e publicações sobre a sua obra.

Diversos livros seus foram relançados por grandes editoras, saíram estudos sobre a sua obra, e mais uma adaptação para o cinema, desta vez a animação “O bloqueio”. Textos adaptados para o teatro, ensaios, publicação de grandes editoras com suas obras reunidas, e até uma estátua, de Leo Drummond, que está na porta da Biblioteca Pública de Minas Gerais, em Belo Horizonte.

Em 2020 veio o longa-metragem “O lodo”, inspirado em conto de mesmo nome, com direção de Helvécio Ratton, e no ano seguinte, dirigido por Gustavo Spolidoro, o filme “Os dragões”. O projeto “Espaços de memórias” instalou placas nos locais onde o escritor morou, em Belo Horizonte, e ele ganhou também um site, patrocinado pelo UNI-BH, a partir de projeto de lei municipal, com curadoria de Silvia Rubião, sobrinha- neta de Murilo.

O site (murilorubião.com.br) traz tudo sobre a vida do escritor, suas obras, estudos sobre sua vida e a produção literária, as cartas que recebeu de escritores como Carlos Drummond de Andrade, Otto Lara Resende, Antônio Cândido, Mário de Andrade, Hélio Pelegrino, Fernando Sabino.

No seu livro de estreia, Rubião já nos presenteava com cenas como esta: “Encher a noite com fogos de artifício. Erguer o rosto para o céu e deixar que pelos meus lábios saísse o arco-íris. Um arco-íris que cobrisse a Terra de um extremo a outro.”